O Cocôzap está em nova fase. Depois de meses de análises de dados e contato com especialistas, o data_labe anunciou nesta terça-feira (10/11) o lançamento do Plano de Monitoramento Popular. O projeto, criado em 2016 para mapear a situação do saneamento básico no Complexo da Maré a partir da geração cidadã de dados, atua neste momento para minimizar os impactos da covid-19 na Maré.
O referido plano inclui recomendações específicas para esgotamento sanitário, abastecimento e qualidade de água, coleta e manejo dos resíduos sólidos e epidemiologia. O documento é um compilado de dados oficias e produzidos pela equipe Cocôzap, de análises de especialistas e também um resgate histórico da problemática do saneamento básico no território.
“Historicamente os moradores são culpabilizados pela grande quantidade de lixo encontrada nas ruas e canais da Maré, culpabilização sem diálogo e acesso efetivo à educação não resolve o problema. Por isso é muito importante que os moradores estejam bem informados e exista um plano efetivo para tamanha produção de resíduos”, aponta Carta de Saneamento da Maré, construída pelo data_labe, Casa Fluminense e pelas Redes de
Desenvolvimento da Maré no contexto da Agenda Rio 2030.
Com apoio do International Programme do Governo Britânico e do Parque Tecnológico da UFRJ, a iniciativa é essencial para ampliar o debate acerca da conexão entre políticas públicas, tecnologia e os desafios do saneamento básico. A partir do plano, espera-se construir um conjunto de evidências técnicas e científicas que embasem as ações do poder público e de engajamento cívico por parte de ativistas, jornalistas e população em geral.
Como funciona o Cocôzap
A proposta de “revolução dos dados” do Cocôzap é atravessada pelo engajamento dos moradores nas políticas locais. O funcionamento prático é o seguinte: os moradores que encontram vazamentos de águas residuais não tratadas, lixo não coletado ou falta de acesso à água limpa podem enviar uma mensagem com fotos e/ou vídeos para o contato do Cocôzap.
Cada relato passa a integrar um banco de dados com todas as informações descritivas, o que constrói um mapeamento. Com estes dados estão organizados e mapeados, o laboratório da Maré usa as informações para criar relatórios e apresentações sobre os problemas sanitários e seus impactos sobre os moradores da Maré.
“Acreditamos que de forma colaborativa e facilmente replicável serão construídos diagnósticos mais fidedignos do que os indicadores ditos oficiais, utilizados pelos gestores públicos. Segundo dados do IBGE, por exemplo, mais de 90% dos domicílios de toda a região metropolitana do Rio de Janeiro são atendido por serviços de coleta de lixo e esgotamento sanitário. Sabemos que isso não é verdade. A ideia de gerar dados a partir de nosso próprio engajamento e vivência pode também indicar soluções mais legítimas, baseadas em evidências fornecidas justamente por quem vive os dados mais extremos”, aponta o coordenador do data_labe Gilberto Vieira, em artigo publicado no Medium.
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