O Minerva Rockets, time aeroespacial da UFRJ, embarca sábado rumo ao Novo México (EUA) para a maior competição intercolegial de foguetes do mundo: a Spaceport America Cup.
Até 27/06, 15 dos 54 integrantes do time se unirão aos mais de 1.700 alunos e professores de 24 países. A bordo, levarão o foguete Aurora, de 3,2m de cumprimento e 40 quilos, fruto do trabalho árduo e voluntário desses alunos e alunas de diversas áreas da universidade.
A participação dos jovens na competição internacional foi destaque em portais como Agência Brasil, O Globo e Band News.
Existente há sete anos, o Minerva Rockets já participou de diversos eventos do Parque Tecnológico da UFRJ. Exemplos disso são a presença do grupo no nosso estande na Rio Innovation Week (2022) e na Semana da Inovação (2023), eventos nos quais expusemos diversas tecnologias oriundas da universidade.
Ao ver esse reconhecimento internacional, o Parque Tecnológico da UFRJ reforça a certeza de que o Minerva Rockets representa a excelência do que é produzido na UFRJ. O Parque sempre acreditou no potencial desse grupo e sabe que o infinito não é o limite para eles!
Confira abaixo a matéria completa do portal O Globo:
Estudantes da UFRJ viajam para os EUA e participam de competição mundial de foguetes
Ao infinito e além! O lema é do astronauta Buzz Lightyear, personagem do filme “Toy Story”, que também ajuda a definir um grupo de alunos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Quinze integrantes da equipe de competição Minerva Rockets viajam para o Novo México, nos Estados Unidos, neste sábado para participar da maior competição intercolegial de foguetes do mundo.
De 11 a 27 de junho, o grupo se soma aos mais de 1700 alunos e professores que se reunirão na Spaceport America Cup, oriundos de 24 países. O foguete foi preparado e passou por diversos check-lists, para não correr risco de faltar nada na viagem, em que os jurados são considerados “criteriosos” e só deixam o equipamento decolar caso seja aprovado nos testes a que será submetido.
— A gente precisa garantir que esse foguete vá ter uma trajetória estável, que ele vai subir e descer sem virar para o lado e se transformar num míssil. É preciso que passe por todos os cálculos e verificações para garantir que seja uma missão segura — observa a estudante de Física Mirlene Oliveira, de 26 anos, responsável pela área de eletrônica do projeto.
Dos 54 integrantes que compõem a equipe, 15 deles embarcam neste sábado no Aeroporto do Galeão, vizinho ao campus do Fundão da UFRJ. Na bagagem, além da ansiedade pela primeira viagem internacional da equipe, que existe há 7 anos, embarca também o foguete Aurora, de 3,2m de cumprimento e 40 quilos, que é fruto do trabalho dos alunos, que se dividem em um trabalho voluntário de 10 horas semanais para cada um, em média.
Embalada por um relógio que faz a contagem regressiva para a viagem instalado no laboratório, essa é a primeira viagem internacional da equipe. A Rockets já tinha sido aceita por outras duas vezes no mundial: uma que o sonho foi frustrado devido à pandemia, que cancelou a viagem, e, na outra, também pelo cenário pandêmico, em que o evento foi realizado de maneira remota.
FOGUETES E SATÉLITES
A equipe de competição da UFRJ é dividida em duas. Além da Minerva Rockets, que se dedica aos foguetes, há ainda a Minerva Sats, dedicada aos satélites. Complementares, as equipes trabalham de forma conjunta porque, normalmente, os experimentos com satélites contam com os foguetes para serem lançados.
— O nosso satélite mais atual é o nosso melhor projeto. Colocamos duas bactérias específicas dentro dele e nossa intenção é conseguir criar um ambiente autossustentável de troca de oxigênio e gás carbônico, para que isso venha a ser expandido e a gente possa ter vida fora da Terra — detalhou a presidente da Rockets e estudante de Astronomia Julia Siqueira, 26, sobre o nanossatélite, que tem formato cúbico, de 10 cm em cada aresta. — Nessa versão em miniatura, a gente o ejeta do foguete para ter análises de como bactérias reagem a mudança de temperatura e a outras condições extremas.
No Novo México, no entanto, os satélites terão participarão de uma competição própria.
Os alunos são amparados pela estrutura administrativa da Escola Politécnica (Poli/UFRJ), que abarca os cursos de engenharia da universidade, localizada no Centro de Tecnologia (CT), na Cidade Universitária. Nesse espaço, os alunos contam com o Laboratório de Hidrologia e Recursos Hídricos, que funciona como sede da equipe de satélites; assim como o Laboratório de Estruturas e Materiais (Labest) abriga a equipe de foguetes, numa espécie de galpão cheio de equipamentos, conhecido como “Paraíso da mecânica”, onde toda a estrutura é montada, ambos sob o guarda-chuva da Poli/UFRJ.
— Em sua maioria, a gente que produz todo o foguete. Desde o projeto, códigos e até o combustível somos nós que cozinhamos. Nosso motor é o chamado motor sólido, e ele é feito de uma mistura, de açúcar com uma base e, para a gente misturar essas duas substâncias, precisa aquecer. É literalmente colocar uma panela e ficar mexendo, para depois esperar o tempo de cura, para ficar sólido. Depois a gente fornece uma energia de ativação, por meio de uma faísca, que a gente acende à distância com a eletrônica, para iniciar a ignição do motor — detalhou Mirlene.
Com alunos voluntários, a verba para a montagem dos foguetes, quando são necessários novos equipamentos ou de algum serviço terceirizado, vêm de editais em que a equipe se inscreve. Além disso, professores parceiros ajudam conseguindo algumas bolsas, mas são poucas.
GPS NECESSÁRIO
Em 2019, durante uma competição em São Paulo, o foguete lançado pela equipe explodiu e o motor caiu em uma área isolada, e ficou perdido. No entanto, no ano passado, na mesma competição, o inacreditável aconteceu: o equipamento foi encontrado pela equipe da Rockets.
Agora no deserto do Novo México, o grupo de estudantes irá contar com um GPS instalado na estrutura do foguete para evitar imprevistos. Depois de apresentar o projeto para um revisor, para apontar se é preciso fazer algum ajuste, e participar das apresentações para os demais participantes do evento, chega a hora de lançar o foguete.
— O nosso apogeu é projetado para alcançar 3 quilômetros, e depois temos que recuperá-lo. A gente tem GPS no foguete para rastreá-lo e conseguir a localização exata. É ir atrás, ver se caiu inteiro e procurar as outras partes — descreve a gerente de projetos de foguetes Beatriz Ziglio, 22, que é estudante de Engenharia Elétrica. Ela detalha, ainda, que dois paraquedas são abertos durante a queda para que a velocidade diminua e seja segura.
A equipe da Rockets é formada por alunos de diversos cursos da graduação da UFRJ. De Biomedicina à Matemática, passando por todas as engenharias e Astronomia, muitos dos alunos têm a vida transformada pelo interesse nos foguetes.
Mirlene é nascida e criada em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, e dá muito orgulho aos pais, a dona de casa Jussara Dias, de 53 anos, e o vigilante Minervino Oliveira, 73.
— Sou a primeira pessoa da família a entrar numa graduação. Me aproximei da astronomia ainda no Ensino Médio, porque estudei no (colégio) Pedro II, onde pude me desenvolver em várias áreas, especialmente na de foguetes. Na época, eu fazia foguete de garrafa PET — detalha a estudante de Física, que é uma das primeiras integrantes da Minerva Rockets.
A presidente da Rockets conclui sobre os ensinamentos aprendidos com a equipe de competição.
— É interessante ver como as pessoas se dedicam não só ao projeto, mas também à faculdade. Eu me tornei uma pessoa muito mais organizada, estudiosa, comprometida, desde que entrei aqui — alegra-se Julia Siqueira.