Fonte: Época Negócios |
É o sonho dos ambientalistas: o lixo gerado pela população volta a ela na forma de energia limpa. A reversão se dá a partir dos aterros sanitários, que se multiplicam nas grandes cidades, já que as soluções de reciclagem ainda não dão conta de boa parte dos resíduos. O processo de geração de energia vinda de aterros sanitários é relativamente simples e barata e vem sendo experimentado em países em diferentes estágios de desenvolvimento, da Alemanha a Portugal, da África do Sul à Nigéria.
Estão em funcionamento hoje no Brasil sete projetos de geração de energia elétrica originada de gás de aterro, e a tendência é que o número aumente com rapidez. A Lei Nacional de Resíduos Sólidos exige que até o fim deste ano os Estados e municípios desativem todos os lixões e encaminhem os resíduos para aterros sanitários. O potencial de geração de energia elétrica, segundo o Ministério do Meio Ambiente, é de cerca de 300 megawatts, o suficiente para abastecer quase 6 milhões de habitantes, o equivalente à população do Rio de Janeiro.
Sem oxigênio
O lixo compactado misturado com terra se decompõe após cerca de três anos e começa a produzir gás metano, um biogás, em quantidade suficiente para gerar eletricidade, processo que se estende entre 20 e 25 anos, dependendo do tamanho do aterro.
O gás metano é o principal componente do biogás, nome dado a qualquer gás produzido pela quebra de matéria orgânica na ausência de oxigênio. O biogás é um biocombustível, fonte de energia renovável – por contraposição aos combustíveis fósseis. Entre suas principais fontes estão ambientes naturais, como os pântanos, além das bactérias e do processo de digestão dos animais. Cerca de 10% da produção mundial de biogás vem de aterros sanitários.
O biogás é produzido espontaneamente em locais em que o oxigênio não pode penetrar. Além dos pântanos e dos intestinos de animais, o fundo do mar também armazena grandes quantidades de metano, o que vem sendo uma fonte de geração de energia em países como a China e o Japão.
Em seguida, o gás é queimado em um aparelho chamado “flare” e transformado em dióxido de carbono (CO2, gás carbônico). Isso porque o metano é 21 vezes mais prejudicial ao meio ambiente que o CO2.
O biogás é canalizado por uma estrutura de tubos e processado por motores como o Jenbacher, fabricado pela GE e presente em cinco dos sete projetos brasileiros em aterros sanitários. A energia gerada pelos motores é incorporada à rede distribuidora e pode ser destinada a uma indústria ou vendida às concessionárias.
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