Fonte: O Globo |
A fabricante de bebidas Ambev anuncia hoje investimento de R$ 180 milhões em um novo centro de pesquisa no Parque Tecnológico da UFRJ, na Ilha da Cidade Universitária. O anúncio marca a segunda fase de expansão do parque, que deve receber cerca de R$ 1 bilhão nos próximos cinco anos, segundo a direção do parque. O montante dobrará o aporte feito até agora no polo tecnológico, que recebeu igual quantia ao longo de seus primeiros dez anos, completados no ano passado.
O centro da Ambev tem por objetivo desenvolver novos produtos, da cerveja ao chá, bem como embalagens. Terá um braço para pesquisas de hábitos de consumo e contará, inicialmente, com 50 pesquisadores, número que pode chegar a 80. Será o segundo da empresa no país — já há um em Guarulhos — e o sétimo no mundo do grupo Anheuser-Busch InBev (AB InBev), do qual a Ambev faz parte.
O principal diferencial em relação ao equivalente paulista é que, no Rio, o centro terá unidades fabris experimentais, que permitirão testes em escala muito menor que numa cervejaria comum. Para testar uma nova bebida, seria possível produzir um volume inferior ao de uma fábrica convencional, reduzindo o custo.
— Isso vai nos permitir fazer protótipos de bebidas, é um passo à frente que estamos dando — diz o vice-presidente industrial da Ambev, Flávio Torres.
Como as demais empresas que se instalaram no parque, a Ambev terá tratamento tributário especial. Entre os benefícios está o diferimento de ICMS nas importações e aquisições internas de máquina que serão usadas na unidade. A previsão é que o centro fique pronto em dois anos.
Além do benefício fiscal, a parceria histórica com o Estado do Rio — a Ambev nasceu em Petrópolis, em 1853, com a fábrica da Bohemia — e o ambiente de inovação do Parque Tecnológico da UFRJ contribuíram para a decisão da companhia de se instalar aqui. O parque tem 12 grandes empresas, seis centros de pesquisa, além de 26 start ups.
Estado vai mediar compra do terreno
A unidade de pesquisa da Ambev ficará na antiga Ilha do Bom Jesus, área de propriedade do Exército, contígua à Ilha do Fundão. Lá estão sendo erguidos centros da General Electric (GE), que deve ser inaugurado este semestre, e da L´Oréal, cujas obras começaram semana passada. Dificuldades de liberação do terreno quase se tornaram empecilho aos investimentos.
No caso da GE, a prefeitura do Rio acabou comprando cerca de 40 mil metros quadrados e doando-os à GE. No caso da L´Oréal, o terreno foi comprado pela Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro (Codin) e a ela revendido. O governo do Estado teve que arcar com a diferença de reavaliação do valor do lote, exigida pelo Exército.
— Vamos adotar, no caso da Ambev, o mesmo procedimento adotado para a L´Oréal. Não assinamos a compra do terreno ainda, mas já está tudo combinado com o Exército — diz o secretário de Desenvolvimento Econômico, Júlio Bueno.
Para o diretor do Parque Tecnológico da UFRJ, Mauricio Guedes, a chegada da Ambev vai ajudar a diversificar o perfil dos centros de pesquisa, que, na primeira fase do polo, foram concentrados em petróleo:
— Havia demanda do pré-sal. Esperamos novo ciclo de investimentos, que devem chegar a R$ 1 bilhão em cinco anos.