Fonte: Exame |
Gestão de Pessoas deve envolver os aspectos emocionais e intuitivos, mas também uma série de fatores racionais e estruturados, que permitam às empresas aplicarem uma metodologia de trabalho que apoie a construção de uma cultura corporativa, que, de fato, envolva e engaje as pessoas na busca de um propósito maior. Nós, brasileiros, somos bastante intuitivos no trato com as pessoas e nos diferenciamos muito de outras culturas, exatamente por essa característica, que pode ser uma qualidade ou defeito, dependendo da forma como a tratamos.
Em vários cases de sucesso, nacionais ou internacionais, sempre o componente humano é parte relevante e diferencial estratégico. Como exemplo na busca de alternativas para o processo de formação da sua força de trabalho, a Natura (marca 100% brasileira com origem na paixão pela cosmética e pelas relações), investe em educação formal de alto nível, treinamentos no local de trabalho, políticas de migração, saúde e informação econômica, possibilitam a elevação no nível de produtividade dos indivíduos e, consequentemente, do nível de renda.
Estamos passando por uma fase de transformação dos negócios, com o acesso de informações e conhecimento disponível hoje, seja nos meios tecnológicos, nos livros, cursos, enfim, há uma infinidade de opções para as pessoas e também uma maior criticidade. Conciliar as gerações (chamadas de baby-boomers, millenials, etc.) num ambiente de trabalho está cada vez mais crítico e relevante, aliando a experiência de vida e maturidade das pessoas com maior experiência com o poder de conhecimento de mundo e rapidez no uso de aparatos tecnológicos, entre outras diferenças significativas.
É fato que as pessoas estão procurando por ambientes e culturas corporativas que lhes permitam maior autonomia e mais acesso às informações, a relação de hierarquia está sendo questionada constantemente e a busca por um sentido maior na realização das pessoas será determinante para engajar as pessoas no sonho do empreendedor. Conhecemos diversas empresas de sucesso mundial (Google, Disney, Apple, Zappos, The Container Store, Starbucks, Whole Foods, Life is Good, etc.) e nacional (Chilli Beans, Amil, O Boticário, etc.) que forjaram uma cultura que envolve a todos na cadeia e gera o engajamento e conexão emocional entre mercado, clientes, comunidade e equipes de profissionais.
Na empresa Disney, a importância dada ao líder é tamanha que ela não mede esforços para realizar treinamentos com seus funcionários e, assim, obter participação em suas prioridades estratégicas, que são a criatividade, a expansão global, a tecnologia e a cultura. O foco todo deve estar na liderança e na existência de um plano de negócios e de pessoas, com alinhamento de expectativas e competências. Os supervisores têm de ser treinados para serem bons e levarem as estratégias da empresa adiante. O entendimento das aspirações da equipe, conectado com as metas organizacionais, traz o salto na gestão e é a base do sucesso da Disney.
Atualmente, nos convencemos que não se permite mais pensar em retenção de talentos, pois isso está mais associado a uma forma de “prender” esses profissionais e o foco deverá estar no engajamento, no sentido de pertencimento (belonging) e o no senso de justiça (Processo Justo, de Ludo Van der Heyden) da empresa. Acreditamos, também, que cultura se cria de cima para baixo, ou seja, parte da liderança inspiradora e gera estímulo e referência em toda a equipe, pois ao contrário pode virar rebelião, motim e outras situações não favoráveis às empresas.
Portanto, engajar as pessoas no sonho do empreendedor e da empresa é um dos principais desafios para a perenidade de um negócio, onde as pessoas estão preparadas a agirem como donas do negócio, são remuneradas na lógica da meritocracia e irradiam paixão naquilo que fazem, refletindo diretamente nos resultados do negócio e na conquista sustentável de mercado. Uma pessoa Excelente vale por três regulares.