Fonte: Estadão |
O convívio entre pessoas de diferentes idades pode ser o estopim para criar diversos conflitos. De acordo com estudo realizado pelas consultorias ASTD Workforce Development Community e VitalSmarts, a cada três trabalhadores, pelo menos um estima gastar cinco ou mais horas por semana em resolução de conflitos causados por diferença de idade no trabalho. De acordo com a pesquisa online realizada com mais de 1.350 pessoas, ressentimentos causados por esse tipo de embate podem reduzir em até 12% a produtividade da empresa.
Os integrantes das chamadas gerações Y e Z são o grupo com maior número de desentendimentos. Segundo a pesquisa, em 39,78% dos conflitos, os integrantes pertenciam a essa faixa etária. “Pessoas mais jovens têm uma expectativa irrealista das coisas, assim é inevitável haver frustração”, diz Rodrigo Lolato, diretor geral da VitalSmarts no Brasil.
De acordo com ele, apesar de demonstrarem grande desejo por mudança, as gerações mais novas não têm a noção global de como as organizações funcionam nem sensibilidade para respeitar diferenças e valorizar a experiência do outro.
Para Lolato, a forma mais direta de resolver a questão é treinar os funcionários para falarem sobre o assunto abertamente. Ele afirma que o brasileiro, em especial, tem mais dificuldade por ser menos assertivo do que europeus e norte-americanos nesse aspecto.
“Aqui, nós levamos muito para o lado pessoal, emocional, temos medo de magoar, de que vai pegar mal. Essa sensibilidade ilógica acaba atrapalhando”, afirma o executivo.
Para o consultor e presidente da Odgers Berndtson no Brasil, Andre Freire, a idade pesa muito. “Quando se é mais experiente, fica mais fácil trabalhar em equipe e administrar pessoas diferentes, que atuam em diferentes funções”, afirma. Freire acrescenta: “A Geração Y tem a tendência de ser mais focada na carreira do que na empresa em que trabalha, ela não tem paciência de esperar por uma promoção. Engajar o profissional Y dentro da empresa é o grande desafio dos chefes e do RH. O troca-troca de empresas não é bom para nenhuma das partes.”
Consultor sênior de Capital Humano da consultoria Mercer, Marcello Ferrari afirma que a geração Y é mimada e algumas das vezes a empresa pode ser responsável por isso. “Quando esses jovens entraram no mercado, o Brasil estava crescendo, poucas pessoas tinham qualificação e as empresas estimularam a arrogância da essencialidade do profissional qualificado.”