A Coppe/UFRJ inaugurou, no dia 2 de junho, o seu novo espaço colaborativo dedicado ao empreendedorismo e à inovação, o Coppe I. Localizado na sala I-118, no bloco I do Centro de Tecnologia, o Coppe I será parte do Ecossistema de Inovação da instituição. Quatro laboratórios da Coppe já fazem parte do Coppe-I e outros poderão aderir. São eles o Laboratório Urbano Vivo de Construções Inteligentes (LCI), o Núcleo de Ensino e Pesquisa em Materiais e Tecnologias de Baixo Impacto Ambiental na Construção Sustentável (Numats), o Centro de Referência em desenvolvimento tecnológico e gerencial de micro, pequenas e médias empresas (Pro-PME), Laboratório de Processamento e Caracterização de Materiais (LPCM).
De acordo com a diretora-adjunta de Empreendedorismo da Coppe, professora Marysilvia Costa, o Coppe I representa a evolução da proposta de interação com a sociedade que a instituição herdou de seu fundador, professor Alberto Luiz Coimbra, em uma longa trajetória que passou pela criação da Coppetec, ainda antes de se tornar uma Fundação, e pela criação da Incubadora de Empresas.
“Ao longo das diversas gestões dos diretores que estiveram à frente da Coppe, foi amadurecendo essa ideia da inovação como parte do processo institucional. Além do ensino, pesquisa e extensão, também a inovação e o empreendedorismo. Acho que a Coppe é muito boa em ensino, pesquisa e extensão e pode ser muito boa também em empreendedorismo, e para introduzirmos uma cultura de inovação e empreendedorismo em nossa comunidade, precisamos de espaços colaborativos para que as ideias sejam desenvolvidas, testadas, adaptadas e repensadas”, explicou professora Marysilvia.
Segundo o diretor da Coppe, professor Romildo Toledo, desde a gestão de seu antecessor, professor Edson Watanabe, a Coppe debatia formas de aumentar o empreendedorismo na universidade. “Nós somos bem-sucedidos em iniciação científica e pensávamos em algo como um programa de iniciação à inovação, depois foi mudando, mas precisávamos criar um espaço de inovação aberta, um espaço em que pudéssemos compartilhar ideias e buscar soluções para problemas e eventualmente gerar negócios. Juntar competências distintas para solucionar problemas da sociedade. É assim que está surgindo esse ecossistema. Espero que esse espaço junte alunos de graduação, mestrado, doutorado e até, de escolas técnicas. Não vamos fechar o ambiente a quem queira criar ideias e empreender”, avaliou o professor Romildo.
Segundo professora Marysilvia, as diferentes formas de ocupação do Coppe-I ainda serão formatadas. “A logística de operação ainda não está fechada. Teremos site com formulário, que deverá ser preenchido para a utilização do espaço. Poderemos lançar desafios temáticos e a sala servirá para as equipes trabalharem suas ideias, fazerem reuniões sobre projetos e testar, temos laboratório de prototipagem, de caracterização, aí avaliam, voltam pra cá, rediscutem o conceito, e assim temos o crescimento de uma ideia. Sempre visando produtos, inovação”.
Ponte entre dois mundos
O professor Francisco Duarte, do Programa de Engenharia de Produção, considerado um dos responsáveis pelo “DNA” do projeto, explicou que foi feito um levantamento de empresas surgidas no Centro de Tecnologia da UFRJ sem o apoio oficial da universidade. “Então, sabíamos que havia muito potencial e queríamos apoiar e acelerar o processo. Por isso, pensamos em criar o Coppe I”.
“Não é um laboratório com máquinas e equipamentos. Isso nós já temos em vários laboratórios, vai ser uma espécie de hub, um conector dos vários laboratórios. Vamos fazer um inventário dos recursos e equipamentos que temos em nossos laboratórios, para que possamos saber, efetivamente, onde estão as coisas, e ter isso em rede, e alocar recursos. A gente quer que os alunos venham aqui debater os problemas da sociedade, como construir soluções para eles, seria um lugar de integração e conexão dos alunos da graduação e pós-graduação, dos alunos com os professores e dos professores entre si”, explicou professor.
O ex-aluno da Coppe, Rafael Clemente, sócio fundador da empresa de consultoria EloGroup, disse que uma das coisas mais sábias que ele e seus sócios fizeram, ainda sem saber direito o que estavam fazendo, foi criarem a empresa na Incubadora da Coppe e se jogarem no mercado. A EloGroup emprega hoje 610 profissionais, tem quatro escritórios no país e fatura 200 milhões de reais.
“O nosso primeiro grande aprendizado foi o quanto a gente precisa não perder o mindset que a gente tinha aprendido aqui, de robustez metodológica, mas aprender a relaxar um pouco isso, pois o mindset do mercado é muitas vezes antagônico. Quando estamos na academia, nosso drive sempre é quanto mais complexo, melhor, porque vira um paper ou uma tese original. É normal, é assim que a gente é cobrado. No mercado, enxergamos que muitas vezes era o contrário, o importante era encontrar a forma mais simples para solucionar o problema”, comparou o ex-aluno da Coppe.
“O fundamental para um ecossistema de inovação funcionar é disposição de se expor para além da universidade. Aqui há muita tecnologia, mas há uma ponte que precisa ser percorrida de modo a fazer que esses dois mundos se encontrem. Acho que essa é a chave, ter um choque de realidade de mercado”, disse Rafael Clemente.
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