O cenário de uma sociedade em constante e acelerada transformação converteu a inovação em algo além de uma vantagem estratégica. Vista por muitos setores como uma necessidade, a inovação (não somente a tecnológica) é um tema que precisa ser acompanhado de perto especialmente pelos empreendedores. Nos últimos anos, a UFRJ – apontada em 2019 como a universidade mais inovadora do país – contou com diversas atividades voltadas para o empreendedorismo inovador e sua relação com os variados grupos sociais.
“Por muitos anos no Brasil, a academia achou que deveria estar isolada da sociedade. E quem faz parte desta sociedade? Os cidadãos e as empresas. Estamos no movimento de derrubar esse muro entre a academia e a população. É muito importante que a indústria também faça esse movimento de aproximação. A universidade não pode estar num lugar inacessível”, analisa Juliany Rodrigues, diretora do campus UFRJ – Duque de Caxias e participante convidada do Hackathon NanoBio (cuja última edição foi realizada ano passado).
O Hackathon NanoBio é uma iniciativa dos estudantes e, segundo Juliany, se transformou numa marca do campus de Caxias nos últimos anos (foram 3 edições até agora). Ano passado, a edição foi realizada remotamente devido às restrições da pandemia de covid-19. Este ano, foi oferecido um curso de formação empreendedora como parte do programa Pós-HNB20, uma extensão da maratona hacker.
O Parque Tecnológico da UFRJ conduziu a trilha de competências empreendedoras, que contou com a participação de Ana Carolina Souza (sócia-fundadora na Nêmesis Neurociência Organizacional), Fernando Ferreira (cofundador da Twist), Izaias Miguel (sócio-gerente da Visagio) e Rodrigo Farina (cofundador da Brota Company).
“O Hackathon NanoBio e as atividades posteriores me proporcionaram experiências que transpassam a aula convencional que temos atualmente no formato EAD. A forma como o conteúdo foi transposto e as falas dos profissionais convidados, abordando as suas experiências e dificuldades, sem dúvidas impactou positivamente na hora de aprender. Confesso que me surpreendeu bastante, mas foi uma surpresa positiva, ainda mais sendo um evento totalmente remoto”, relata Victor Feliciano, aluno de ciências biológicas com ênfase em biotecnologia na UFRJ.
Empreendedorismo na universidade: como funciona
As universidades e seus programas contribuem para o fomento da cultura empreendedora, não apenas por meio das estruturas físicas, mas também com seu estímulo à reflexão e através da criação de conexões entre pessoas, ideias, planejamento e motivação. Desta maneira, o caminho fica aberto para novas pequenas e médias empresas, além da criação de projetos inovadores capazes de mobilizar a economia.
A troca de conhecimento entre a universidade e os empreendedores propicia a criação de ambientes cada vez mais colados com a realidade social e econômica na qual o ambiente acadêmico está inserido. “A gente inova e empreende muito mais do que imaginamos. O convívio com os estudantes me mostra que a UFRJ tem um caminho único para avançar: inovar e empreender. Em todos os aspectos, da gestão às atividades em sala de aula. Nesse momento de ensino remoto, por exemplo, precisamos encontrar novos caminhos, inclusive pra lidar com as restrições da pandemia”, opina Juliany.
Victor acredita que a desmistificação da palavra empreendedorismo avançou nos últimos anos, mas ainda é algo que precisa de uma atenção especial no espaço universitário. “Empreender, para mim, é: enxergar possibilidades, observar, estudar, pensar e criticar métodos que são utilizados. Tentar resolver aquela situação ou aquele problema – que aflige uma parcela da sociedade – de forma prática. Não é necessariamente fazer algo mega inovador, mas tentar buscar uma resolução daquele problema da forma mais efetiva possível. Nesse viés, as universidades, como a UFRJ, nos proporcionam um olhar mais amplo, por meio de eventos como o próprio Hackathon (NanoBio), quando conhecemos mais de perto a atuação de startups e empresas juniores”, considera.
Papel dos ecossistemas de inovação
Nessa levada da desmistificação, recentemente criamos um conteúdo que serve como glossário para termos que usamos de forma recorrente em nossos textos, vídeos e redes sociais. Um desses termos é: ecossistema de inovação. Trata-se de um ambiente que promove articulações entre diferentes setores que entendem a inovação como força motriz para o desenvolvimento social e econômico da sociedade.
E de que forma essas articulações são feitas? Podemos responder de forma resumida com outra palavra também bem corriqueira (ao mesmo tempo que ampla) para nós: conexão. Ações diversas que existem com o objetivo de aproximar interessados dos seus interesses. Inventores mais próximos de suas patentes, empresas dialogam com pesquisadores em seus setores-chave, serviços inovadores de interesse público aplicados em benefício da sociedade, estudos aprofundados saem do papel com os necessários financiamentos…
“Eu acho que o movimento de programas como o Pós-HNB20 é muito importante para os estudantes e temos que incentivá-los, não podemos deixar isso morrer. O que temos a fazer é exatamente isso: dar o apoio para que movimentos como esse continuem surgindo e ganhando força e se transformando em marcas que resultem em produtos, em empresas, em startups, em respostas aos problemas da sociedade. Novos caminhos, novas oportunidades. Alguns desses temas podem se tornar disciplinas obrigatórias da graduação para que eles possam mergulhar nesse mundo e deixar as ideias deles fluírem. Estes jovens têm um potencial incrível”, acredita Juliany.
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