Fonte: Valor Econômico |
O potencial de crescimento do mercado de geração distribuída, devido às incertezas com relação à segurança do suprimento energético e à perspectiva de aumento do preço da energia em 2015, tem atraído a atenção de gigantes do setor energético. Grandes investidores do setor, como a espanhola Endesa, e fornecedores, como a americana GE, estão abrindo novas frentes de investimentos no segmento de geração distribuída.
A Endesa planeja investir neste ano R$ 10 milhões, por meio de sua empresa de prestação de serviços de energia no Brasil, a Prátil, em instalação de painéis fotovoltaicos em residências e centros comerciais. Apesar do valor aparentemente baixo para o porte do grupo, a subsidiária, criada em 2009, prevê triplicar o volume de negócios em 2014. Apenas no ano passado, a empresa instalou cerca de 300 painéis fotovoltaicos, 73,3 quilowatt-pico (kWp, unidade que mede a potência da energia solar).
O movimento estratégico é motivado pela resolução nº 482 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que estabeleceu regras para a microgeração distribuída, permitindo ao consumidor residencial ou comercial produzir sua própria energia elétrica, através dos painéis solares. Com esse sistema, o cliente pode deduzir a geração de energia total consumido junto à distribuidora.
Cálculos da Endesa indicam que, com esses sistemas, a economia em uma casa convencional possa chegar a até 85% na conta de energia. Segundo Marcelo Llévenes, principal executivo da Endesa no Brasil, a instalação nas residências gera o retorno ao consumidor a partir de oito a onze anos.
Temos detectado muito interesse dos consumidores em receber produtos e serviços não regulados, afirmou o executivo. Os serviços não regulados são todos aqueles que não se tratam do fornecimento de energia pela distribuidora. Entre esses serviços estão a instalação de painéis fotovoltaicos, projetos de eficiência energética e construção de redes elétricas inteligentes.
Segundo Llévenes, esse tipo de negócio tem uma participação pequena dentro do faturamento do grupo energético. As companhias energéticas, porém, estão estudando o melhor modelo de negócio para esse novo mercado.
Para Osório de Brito, superintendente da Associação Fluminense de Cogeração de Energia (Cogen-Rio), não há dúvidas que a participação da energia solar, no modelo de geração distribuída, vai crescer nos próximos anos no Brasil. “Este ainda é um mercado novo”, avalia o especialista.
Segundo ele, porém, em 2015, haverá um repasse expressivo para a tarifa de energia do consumidor, fruto do efeito da geração térmica por medida de segurança este ano e dos repasses feitos pelo Tesouro para socorrer as distribuidoras antes das datas de reajustes tarifários. “Isso vai ser jogado em cima da tarifa”, acrescentou Brito, explicando que esse cenário será favorável para adoção de projetos de geração distribuída no próximo ano.
Outra gigante da indústria de energia global, a americana GE criou este ano uma divisão de negócios específica para a área de geração distribuída. A unidade de negócios vai desenvolver equipamentos para geração elétrica de 100 quilowatts (kW) a 100 megawatts (MW) a partir de linhas de produtos de turbinas aeroderivadas e motores a gás natural.