Fonte: Estadão |
A grande aposta do governo Dilma Rousseff para dinamizar a inovação na indústria de transformação começa a sair do papel nesta terça-feira, 15. A Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) lança hoje seu primeiro edital para financiar grandes institutos de ciência e tecnologia (ICTs) que contam com projetos de inovação com empresas do setor privado.
Ao todo, a Embrapii colocará R$ 260 milhões, a fundo perdido (subvenção), em quase dez institutos para estimular a inovação na indústria. O dinheiro que a Embrapii vai usar para irrigar o sistema tecnológico e empresarial representará até um terço dos projetos. Os institutos vão entrar com outra parte igual e as empresas deverão aportar pelo menos um terço. Assim, os R$ 260 milhões vão liberar ao menos R$ 800 milhões.
Um pré-requisito importante do edital será a exigência para que os ICTs, que vão disputar o dinheiro da Embrapii, tenham um histórico de captação de recursos com empresas de no mínimo R$ 4 milhões, em média, nos últimos três anos.
A Embrapii vai injetar vitamina no instituto que já sabe fazer. Entramos com um modelo novo de financiamento da inovação no Brasil, que exige um relacionamento contínuo entre a empresa e o instituto, com quem fecharemos um plano de ação, com metas de gestão que serão acompanhadas por nós, disse o presidente da Embrapii, João Fernando Gomes de Oliveira.
Elaborada em 2011, no início da gestão Dilma Rousseff, a Embrapii funcionou nos últimos três anos em fase piloto. A empresa, que é uma Organização Social (OS) com contrato de gestão assinado com os ministérios de Educação e de Ciência, Tecnologia e Inovação, vem trabalhando com três institutos: o Instituto de Pesquisa Tecnológica (IPT) e o Instituto Nacional de Tecnologia (INT), ambos em São Paulo, e o Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia (Cimatec), do Senai da Bahia (BA). Com eles, a Embrapii aprovou 68 projetos nas áreas de manufatura, automação, bionanotecnologia, saúde e energia, que representaram R$ 188 milhões, dos quais R$ 62 milhões da Embrapii.
Entre os projetos apoiados estão o de desenvolvimento de “plataforma tecnológica de nanoencapsulação” com empresas como Boticário, Natura, Yamá e Theraskin, feitos junto ao IPT. Com o Cimatec, a Embrapii financiou um projeto de pesquisa e desenvolvimento de robô subaquático autônomo para monitoramento e controle de linhas e estações petrolíferas, no valor de R$ 29,8 milhões, para a empresa BG Group.
Gestada pelo então ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Embrapii foi vendida pelo governo Dilma Rousseff como a “Embrapa da indústria”. A empresa deveria aproximar laboratórios e pesquisadores de empresários e trabalhadores, de forma a acelerar a inovação no Brasil. Quando anunciou o Plano Inova Empresa, com R$ 33 bilhões em crédito subsidiado para inovação, em março do ano passado, Dilma voltou a falar da Embrapii e defendeu que a empresa estava pronta para concluir seu projeto piloto e efetivamente sair do papel. O edital de R$ 260 milhões que será lançado hoje será o primeiro passo para essa meta.
Foto: Alberto César Araújo/Estadão Conteúdo
Tags:ciência, inovação, tecnologia