Incubadoras universitárias ajudam a ter o próprio negócio
Empresas concentram iniciativas em inovação tecnológica e pesquisa
RIO – Se a empresa júnior funciona como a primeira experiência profissional para muitos jovens, nas incubadoras universitárias, eles encontram o ambiente para que o empreendimento possa ganhar espaço no mercado. Elas concentram iniciativas inovadoras criadas a partir de projetos de pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico. Um caminho natural para muitos profissionais interessados em montar o próprio negócio sem se desvincular do meio acadêmico, o que permite o aprimoramento de produtos e serviços de acordo com as descobertas científicas.
Elas faturam alto e geram empregos que exigem profissionais superqualificados. As 26 empresas incubadas e as 63 já desvinculadas do maior centro de ensino e pesquisa em Engenharia da América Latina, a Coppe/UFRJ, fecharam 2015 com faturamento da ordem de R$ 288 milhões. Geraram 1.272 empregos, 20% destinados a mestres e doutores. Selecionadas anualmente a partir dos projetos apresentados, elas podem ficar incubadas por um período de até cinco anos.
CRESCE INTERESSE DA INICIATIVA PRIVADA
Da incubadora da Coppe/UFRJ já saíram criações como o desenvolvimento de células-tronco para tratamento de animais, ferramentas para robôs submarinos usados em campos de petróleo, robôs para inspecionar caldeiras industriais, entre outras inovações.
— A incubadora é um ambiente especial para facilitar empresas inovadoras a chegarem ao mercado. A empresa não precisa ter ex-alunos entre os sócios, mas interagir com a UFRJ, por meio de desenvolvimento em conjunto ou contratação de alunos — exemplifica Lucimar Dantas, gerente da incubadora da Coppe.
Com só 11 meses de incubação, a OptimaTech, start-up que integra a chamada indústria 4.0 — que alia a internet das coisas à automatização industrial —, desenvolve soluções tecnológicas para processos industriais do setor de produção de açúcar, bioetanol e bioeletricidade a partir da geração de simulações virtuais muito próximas da realidade. É composta por três sócios-fundadores e um sócio-investidor.
— Usamos o laboratório da universidade, e existem muitos alunos elaborando teses para determinados problemas — diz Thiago de Sá Feital um dos sócios-fundadores da OptimaTech, explicando a importância da incubadora.
Caio Fiuza, um dos fundadores da consultoria Visagio, uma das ex-incubadas de maior sucesso financeiro da UFRJ, com escritórios em Brasil, Austrália e Europa, iniciou a carreira em uma empresa júnior:
— Trabalho há 15 anos, mas a cada projeto tenho de provar que posso encontrar uma solução e me superar a cada dia, como nos tempos de empresa júnior.
O desempenho das start-ups atrai cada vez mais investidores privados, como mostram os números dos fundos Criatec do BNDES, maior investidor de “capital semente” no país. Esses fundos, com dinheiro público e privado, podem ser acessados por micro e pequenas empresas tecnológicas. Inicialmente, os recursos públicos representavam 80% do Criatec, mas, com o maior interesse nas start-ups, a participação de capital não governamental cresceu e chega a 41%, diminuindo a diferença. Entre 2008 e 2015 os fundos investiram R$ 95 milhões em 51 empresas.
Os candidatos apresentam o protótipo, e o banco avalia aspectos como grau de inovação tecnológica, qualidade dos empreendedores e se o produto tem potencial para crescer. A cada cem empresas analisadas, só duas ou três atendem aos requisitos, segundo Filipe Borsato, chefe de departamento de Capital Empreendedor do BNDES.
Fonte: Jornal O Globo