Fonte: O Globo |
Certamente, você já foi “perseguido” por um anúncio que aparece nos mais diversos sites. E, muito provavelmente, o anúncio em questão é de algum produto que você já visitou e talvez até tenha a intenção de comprar. Isso acontece por conta do cruzamento de informações de bancos de dados, e é uma das muitas possibilidades do Big Data, termo usado pelo mercado para o conjunto de soluções que analisa informações em variedade, volume e velocidade.
Por trás dessas análises estão os data scientists ou cientistas de dados, profissionais com uma enorme demanda e ainda poucas opções de capacitação. No Brasil, ainda não há cursos de graduação, mas algumas instituições, como PUC e FGV, oferecem cursos de extensão. E a UFRJ está lançando uma cátedra em Big Data. Num primeiro momento, será apenas uma disciplina que será implementada no último trimestre do ano tanto no mestrado como na especialização em marketing oferecida pelo Coppead, o Instituto de Administração da UFRJ. A intenção é investigar como o Big Data está sendo implantado na gestão das empresas e preparar os executivos a lidar com os desafios trazidos por essa tecnologia.
— É uma tecnologia com potencial muito grande para as organizações pois permite que as análises passem a ser feitas em tempo real. As decisões deixam de ser tomadas a partir da análise de dados passados, o que pode causar um impacto enorme em qualquer área da empresa. Por isso é importante levar o Big Data também para o lado gerencial — explica a professora Elaine Tavares.
Para isso, além da disciplina, a cátedra vai realizar, durante dois anos, estudos de casos de três empresas, ainda não definidas. Quem financia as pesquisas é a EMC, uma das maiores empresas de tecnologia do mundo que se instalou no mês passado no Parque Tecnológico da UFRJ.
— Existe um buraco no mercado. Por isso, investimos na formação de profissionais. As disciplinas até já existem em outros cursos mas estamos dando um tratamento interdisciplinar que é inovador. E ter um centro de pesquisa dentro da universidade propicia uma troca de informações que é muito importante — avalia Karin Breitman, líder do Centro de pesquisa e desenvolvimento em Big Data da EMC. — Os gestores serão usuários dessa tecnologia. Aqueles que entenderem como ela funciona, terão uma vantagem competitiva no futuro. A tecnologia vai ter um papel transformador na sociedade. O Big Data pode ser uma revolução tão grande como foi a Industrial há 150 anos.
Já a Fundação Getulio Vargas oferece, por enquanto, apenas o curso de extensão em Big Data que é voltado para profissionais da área de TI com interesse pela área e tem foco em análise de dados. Mas a instituição está estudando a possibilidade de integrar este curso ao MBA de gestão de TI para oferecer uma formação mais executiva. Além disso, no ano que vem, deverá ser lançado um curso on-line.
— O mercado está superaquecido. Há estimativas de que precisaríamos de cerca de 15 mil profissionais até 2020 no Brasil. É uma demanda muito maior do que nossa capacidade de formar profissionais. Por isso, oferecemos os cursos mais rápidos, de 120 horas — explica Alexandre Evsukoff, professor da Escola de Matemática Aplicada da FGV.