Fonte: Valor Econômico |
Os mercados internacionais de ações devem ver alteração dos fluxos compradores dos países desenvolvidos para os emergentes. Quando isso ocorrer, o Brasil será um dos beneficiados. “O mercado brasileiro é muito atrativo para investimentos de longo prazo”, disse o gestor sênior de fundos da Aberdeen, Bruce Stout.
A gestora holandesa tem mais de US$ 500 bilhões em ativos administrados globalmente, dos quais US$ 13 bilhões no mercado brasileiro. A estratégia da casa é de compra de ativos pra manutenção, com poucas variações no portfólio ao longo dos meses.
Para Stout, o mundo se prepara para uma alteração de fluxo. “É difícil prever quando o sentimento dos investidores vai mudar, quando a mudança vai ocorrer. Mas quando isso acontecer, o dinheiro virá, e é preciso estar posicionado.” Segundo ele, os mercados desenvolvidos estão muito caros, já que tiveram ganhos enormes nos últimos anos e batem recordes consecutivos de alta. Desde o começo de 2013 até 7 de julho, o Ibovespa cai 11,7%. Já o S&P 500 sobe 38,6%.
Em relatório recente, Stephen Docherty, chefe de mercados acionários globais da Aberdeen, diz que os Estados Unidos mantiveram seu posto de porto seguro nos últimos meses, a despeito da divulgação de dados econômicos mais fracos e de uma revisão do Produto Interno Bruto. Enquanto isso, emergentes e asiáticos seguiram fora do interesse de investidores.
Segundo ele, as altas contínuas dos mercados desenvolvidos estreitaram as possibilidades de ganhos em ações. Além disso, com as taxas de juros em mínimas históricas nos países desenvolvidos, muitos poupadores precisam procurar outras maneiras de investimento para obter retornos. As opções mais atrativas passaram então a estar na Ásia e nos emergentes, que oferecem potencial para valorização de ações e de crescimento econômico.
O chefe de mercados emergentes globais da Aberdeen, Devan Kallo, afirmou, durante uma conferência da gestora em junho, que estar negativo nesses países é a visão popular, mas errada, do momento. “O que está acontecendo com os mercados emergentes é um ajuste cíclico”, afirma em relatório recente. “Isso acontece. O custo de capital está subindo e forçando países e empresas a adotar disciplina de capital, e eles estão fazendo isso.”
Na visão da Aberdeen, investir em emergentes é aplicar em empresas, não em países. Com as companhias voltando o foco para as margens operacionais, a gestora espera que os lucros melhorem significativamente em um ano. “Temos uma visão de longo prazo e estamos nos posicionando em ações brasileiras há algum tempo. Por enquanto, não estamos ganhando dinheiro. Mas nos preparando para isso”, diz Stout.
No Brasil, ações de empresas de consumo e serviços financeiros ainda são as preferidas. “A economia é nova, há perspectiva de ingresso de novos consumidores”, diz ele, justificando a aposta em setores que são as estrelas da Bovespa há alguns anos.
Ele comenta que o crescimento do Brasil continua a desapontar e que o ambiente é difícil para as exportadoras de commodities, dado o peso dos ciclos econômicos para essas empresas. Com isso, sobram mais oportunidades no consumo. “Essas empresas pagam bons dividendos e têm receita”, afirma.