Fonte: Folha de S. Paulo |
Onze empresas pretendem retirar as suas ações de negociação na BM&FBovespa em 2014, ano que deverá ficar marcado como o primeiro por não registrar nenhuma abertura de capital desde 2004. As empresas de “saída” da Bolsa neste ano já são mais do que o dobro das cinco de todo o ano passado.
Fecharão o capital a construtora Brookfield, a Companhia Providência (fraldas e não tecidos), as companhias de café Cacique (Café Pelé) e Iguaçu, além de Docas Investimentos (portos e participações), M&G Poliester (plásticos) e a Autometal (autopeças), que divulgou o seu edital da oferta de ações nesta segunda-feira (18).
Além delas, outras duas anunciaram a recompra voluntária de ações – a distribuidora de energia Coelce (CE) e a Dasa, de laboratórios clínicos – com o objetivo de retirar os papéis do mercado, podendo permanecer aberta, porém sem grande volume de negociações na Bolsa.
Finalmente, a Cremer (artigos médicos e de higiene) comprará ações para sair do Novo Mercado, segmento de alta transparência da Bolsa. E a matriz espanhola do banco Santander anunciou que pretende recomprar as ações, saindo do chamado nível 2 da Bolsa e reduzindo o volume de negócios no país.
Os motivos para o recuo das empresas na Bolsa são os mais variados: concentrar a liquidez no país de origem (caso da Coelce e do Santander), facilitar a entrada de sócios estratégicos (Dasa, entre outras), além de reduzir custos administrativos com equipe, publicações, auditorias e consultorias.
Em comum, todas têm duas certezas: é um bom momento para comprar ações desvalorizadas, e levantar dinheiro novo no mercado de ações brasileiro ficou inviável pelo menos no curto e no médio prazos.
Tanto que neste ano apenas duas empresas entraram com pedido (ainda sem data) de abertura de capital: a alimentícia JBS Foods e a T4U, empresa israelense que aluga antenas de telefonia móvel para as operadoras de telecomunicações do país.
Para Lucy Sousa, conselheira da Apimec-SP (associação dos analistas), estão saindo da Bolsa muitas empresas sem vocação para o relacionamento com o mercado financeiro, que aproveitaram o momento favorável para levantar dinheiro dos investidores entrangeiros.
“Os empresários brasileiros sofrem de curto-prazismo: estão aproveitando que as ações estão baratas para comprar na baixa. Mas tem uma série de vantagens de permanecer na Bolsa, de ter a supervisão do mercado e acesso a financiamento mais barato”, disse.
Para Edemir Pinto, presidente da MB&FBovespa, o fechamento de capital é um movimento que sempre ocorreu e que só tomou essa dimensão neste ano porque não houve abertura de capital.
A maioria das operações, afirmou, tem motivações societárias internas. “Não é um problema das condições de mercado ou da Bolsa.”