Os jogos eletrônicos são uma das principais formas de entretenimento atualmente. Então, por que não aliar o formato ao ensino na saúde? Esse foi o pensamento de pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) e do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) para desenvolver o DiscoveRX, game sobre a produção de medicamentos que está disponível para download em plataformas digitais.
A proposta dos criadores é tornar o jogo uma ferramenta importante de divulgação científica e usá-lo também como material complementar para alunos de graduação em Farmácia e áreas afins. A primeira versão da iniciativa foi lançada em setembro de 2022, porém a equipe trabalhou em uma nova versão, com melhorias e disponibilizada nas plataformas em abril deste ano.
Segundo François Noël e Geraldo Xexéo, professores do ICB e da Coppe, respectivamente, a ideia surgiu a partir de características do público com o qual a equipe estava trabalhando: jovens e adolescentes leigos no tema.
“De fato, esses jovens fazem parte da geração de ‘jogadores nativos’ e foram criados na mídia em que tudo é muito vívido, gráfico, rápido e intenso. Esses jovens são sabidamente mais atraídos por jogos digitais, ainda mais se puderem ser jogados em celulares”, explicam.
Os pesquisadores também observaram o aumento do interesse pela área durante a pandemia da covid-19, com a maior busca por informações sobre a fabricação de vacinas e medicamentos, além do interesse pela divulgação científica em si.
“A ideia é de que os jovens possam aprender aspectos básicos do longo caminho a ser trilhado desde os primeiros testes com milhares de substâncias. Inicialmente em testes laboratoriais in vitro, depois usando animais de laboratório e, finalmente, testes em pessoas (ensaios clínicos) até o registro do novo medicamento na agência reguladora.”
Criação e desenvolvimento
Após experiência anterior com a criação de um jogo de tabuleiro sobre o desenvolvimento de fármacos, o Screener, a parceria entre as unidades da UFRJ decidiu investir na experiência virtual.
A equipe debruçou-se em sete minijogos sequenciais que correspondem a etapas do processo de descoberta e desenvolvimento de medicamentos. Logo no início do jogo, o usuário é convidado a integrar uma equipe de pesquisadores em busca de um novo medicamento capaz de combater uma bactéria. A partir daí o pesquisador virtual passa por fases que incluem a identificação de substâncias ativas e a prototipagem.
“Para ser atraente e bem recebido pelo público, planejamos a arte conceitual visando a uma comunicação lúdica, com personagens inclusivos e evitando causar gatilhos emocionais. Já que esse tipo de interesse existe também em outros países, decidimos tentar alcançar um público internacional, razão pela qual incluímos a possibilidade de o jogador escolher entre português, inglês, espanhol e francês”, contam.
O jogo foi desenvolvido inteiramente na Universidade Federal do Rio de Janeiro, por uma equipe de alunos da graduação de diversas áreas, como Engenharia, Computação e Belas-Artes, que contam com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).
Saiba mais sobre a iniciativa e baixe o jogo no site do DiscoveRX.
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