Fonte: Folha de S.Paulo |
Cidades localizadas no interior e no litoral da região Nordeste estão em meio a um boom de investimentos que tem multiplicado empregos e rendido à região a condição de maior polo de geração de energia limpa do país.
No centro desse movimento estão as usinas de energia eólica, a chamada “energia dos ventos”. Elas se multiplicam em solo nordestino, onde está mais de 70% da potência instalada no Brasil, e há mais a caminho.
Segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica, R$ 37,4 bilhões devem ser investidos na região para tirar do papel 8.388 megawatts (MW) de energia até 2018. Somados aos 2.241 MW que já estão implantados, a potência no Nordeste deverá alcançar 10.629 MW –que são suficientes para atender cerca de 54 milhões de pessoas (número superior ao da população do Estado de São Paulo).
A potência supera ainda a do complexo hidrelétrico do rio Madeira, em Rondônia, que terá capacidade para 6.450 MW, e é próxima à da usina de Belo Monte, no Pará, que poderá produzir até 11.233 MW e será a terceira maior hidrelétrica do mundo.
Na esteira dos projetos, a economia ganha: o setor, que emprega 33,7 mil trabalhadores em parques eólicos na região, deverá abrir ao menos 125 mil vagas na cadeia produtiva em cinco anos.
Essa indústria movimenta a região com empregos, aumenta a renda da população com arrendamentos de terras e eleva a receita das prefeituras com o pagamento de ISS [Imposto sobre Serviços], diz a presidente-executiva da ABEEólica, Élbia Melo.
O setor eólico acelera não apenas na região mas também no país, embalado por leilões federais –que garantem mercado à produção– e pela crise econômica internacional, que contribui para a atração de investimentos e conhecimento estrangeiros.
Os ventos favoráveis, porém, são o maior peso nessa equação para o Nordeste.
A qualidade do vento na região é uma das melhores do mundo. E tem as melhores médias anuais de velocidade no Brasil, afirma Milton Pinto, diretor de energia eólica do Cerne (Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia).
O setor também cresce impulsionado pelo crédito. Só o Banco do Nordeste liberou R$ 1,18 bilhão entre 2009 e 2013, ano em que houve um desembolso tido como excepcional, considerando que desde 2011 os empréstimos foram concentrados no BNDES.
Divulgada em maio, a perspectiva de investimento do banco para o setor elétrico entre 2014 e 2017 é de R$ 191,7 bilhões. As eólicas devem abocanhar 22,43% ou R$ 43 bilhões –segundo maior montante, atrás das hidrelétricas, com R$ 54,5 bilhões. O restante é previsto para a transmissão de energia.
A instituição banca a aquisição de equipamentos, o que inclui o financiamento da construção de parques eólicos. De 2007 a 2013, o desembolso para investimentos somou R$ 7,8 bilhões na região.
O Nordeste é uma das áreas com maior potencial no país. E acreditamos que a eólica vai se consolidar como uma das principais alternativas energéticas para o Brasil, diz Laura Porto, diretora de Operações da Força Eólica do Brasil, uma joint venture entre o Grupo Neoenergia e a espanhola Iberdrola.